meu corpo eu lavo
e assim me dispo
de tudo o que me é afeito
e tudo o que é feito de mim
eu lavo de mim
meu corpo eu lavo
e assim me descaso
com a realidade
me descasco em várias metades
sem utilidade
meu corpo eu lavo
como me é de hábito
e assim varro de mim
toda a sujeira e toda a escória
toda a história enfim
é na sujeira que estão as histórias
e pelo ralo se vão sem demora
tudo aquilo que fiz
tudo o que me fez sentir:
na sujeira está minha memória
[Rosy Feros, 2004]