Plâncton

Escrevo como quem come flores.

Engolindo o sabor das pétalas,

absorvendo a aspereza do caule,

a clorofila das folhas.

 

Minhas letras são uma reflexão anímica,

um olhar por sobre as plantas,

uma visão orgânica.

Lenta e majestosa senda lírica.

 

Meu sentido é permeado

pelos quatro ventos siderais.

Meu olhar tem a contundência

de todas as pontas da estrela.

 

Minha visão é caótica e fractal:

enxergo as sementes por entre a árvore,

a criança nos olhos do velho,

a brincadeira em meio ao sério.

 

Não há aridez de solo em meu deserto.

Minha poesia se alimenta do plâncton

cozido nas noites eternas.

No verde está o meu mistério.

 

[© Rosy Feros, 1999]

 

 

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