Eu quero escrever
como quem desconstrói histórias,
refazendo lendas.
Talvez a lenda que me conte
a mim mesma quem sou,
quem fui, quem deixei de ser.
Minha história é o que sonhei
a vida inteira, o pesadelo
ou o sonho da noite pesqueira?
Inteira não me sei, a não ser em partes.
Parte de mim é o que corre nas veias:
chuva e trovão, criação, lampejos.
Lendas e parlendas desfeitas ao amanhecer:
celeiro de histórias, poemas,
palavras de beber.
[Rosy Feros, 2010]