I
Nos muitos fragmentos de vida
- retalhos fáceis,
com melodia, sem ampla medida -
figuram nostalgia,
ações desarmadas,
paixões profundas
repletas de mitos.
Glória
frágil e efêmera
de mártires
e célebres e mágicos
ritos.
Mundo vasto,
que busca
no rastro de seus mitos
a verdade de seus passos.
II
Nesta valsa contínua de impasses,
de dores e de ardores,
papéis vividos são transferidos
e são desmontados atores.
Elevo o dourado cálice,
pleno de sonhos
roucos e tintos...
No desencanto febril dos desenlaces,
fica a nobreza perdida em desengano...
Não há mais lugar para disfarces.
Escondidas sob a beleza dos mitos,
encontram-se as dores,
secretas,
mudas, cegas,
herméticas,
a bailarem, tontas,
na vastidão mórbida dos ritos.
A bailarem, tortas,
nas águas mortas
de seus rios sem foz.
(Embora se possa calar
a música cerimonial dos ritos,
os loucos ainda se embriagam
com o vinho destilado de seus mitos...)
[Rosy Feros, 1988]