Devasso tua madrugada
feito vírgula arrogante,
alma feminina intrépida
de carmim encarnada.
Devasso tua fronte e estante,
sem pejo e sem peia,
desarmada de razão
e coberta de luxúria.
Devasso tuas noites
deste jeito travesseiro,
desatinada, berrante,
com meu sorriso brejeiro.
Devasso tuas noites
como quem planta sementes,
e em tua boca fisgo as palavras
que seguras com os dentes.
À lua, derramarei meu louvor:
minha poesia se vestirá de vento,
levantando as saias do tempo.
Não quero compaixão,
não quero flor.
Só quero ser tua por amor.
[Rosy Feros, 2000]