Redes virtuais-cerebrais
07/09/2014 17:49
Nas novas tecnologias comunicacionais (videotexto, internet), não são os fatos que organizam a vida (história) dos indivíduos, mas o contrário. Os indivíduos passam a ser agentes históricos, recriando a natureza segundo sua vontade.
A História humana é vivida e feita em cacos, a natureza é mutilada, pedaços fractais de um todo são encarados e vividos simultaneamente. Desfaz-se o perfil integral original, recriando-se um outro novo perfil, fractal.
O "sujeito transcendental" (antes representando pela figura do Deus teocêntrico, e também no humanismo antropocêntrico de forma antagonicamente equivalente) retorna agora como o "ente digital", a "egrégora das redes", o "espírito coletivo" que há por trás das comunicações várias.
Não é mais a idéia de "sujeito", mas de um "ente coletivo" (paradoxo!), que preside o livre fluxo das comunicações via rede, à semelhança de Jobe, do filme "O Passageiro do Futuro".
Este "ente coletivo", de características universais, é humano, pois reflete a média das personalidades dos usuários da rede - mas também é digital, no sentido tecnológico. As qualidades digitais desse ente coletivo são a linguagem das máquinas, computadores de última geração que imitam/simulam os mecanismos do cérebro direito do homem
O século XXI será o Século do Cérebro, no qual todas as tecnologias e todas as formas de se organizar a vida (seja política, econômica, social, estética, filosófica, religiosa, formas de organização da vida impulsionadas por essas conquistas tecnológicas) estarão conformadas ao cérebro humano, imitando seus mecanismos e processos.
Esta nova sociedade, desenvolvida com parâmetros no plano cerebral, será um retorno às preocupações do indivíduo.
O comunismo das comunicações de massa e da Indústria Cultural darão lugar ao renascimento do indivíduo, atomizado e fragmentado ideologicamente, alienado e obstruído socialmente, o novo homem das redes virtuais/cerebrais.
As informações terão sua principal sede no cérebro do homem. Conceitos como espaço e geografia não serão mais importantes.
[ , 2001. Insights acerca da Revista Atrator Estranho "Tendências do Ano 2000"]
Ilustração: "Does the internet make you smarter?", de Charis Tsevis.