Networks, redes de relações
28/07/2014 23:28
No momento em que tanto se fala das utilizações e prazeres da comunicação por rede, principalmente via Internet, faz-se necessário lembrar que tal sistema aberto de comunicação entre indivíduos, que possibilita acesso infinito a informações antes reservadas a poucos, não é nenhuma novidade. Poderíamos dizer, isto sim, que parte da tecnologia é recente, mas não sua idéia e sua proposta, já desenvolvidas e experimentadas pelo sistema Videotexto.
Ter um computador pessoal (PC) em casa ou no trabalho deixou de ser coisa do futuro. Hoje, é possível encontrá-lo nos mais variados lugares, tanto privados quanto públicos, sendo usado de inúmeras formas e para os mais diferentes propósitos.
É claro que muita gente ainda não pode dispôr de um computador próprio, para seu uso exclusivo. Mas a tecnologia da informática hoje está disponível para todos, desde o terminal de caixa eletrônico do banco até os terminais de compra eletrônicos instalados em shopping centers.
A cada dia que passa, o computador deixa de ser aquele monstro de sete cabeças, inacessível e complicado aos olhos do leigo, e passa a conquistar seu lugar junto ao usuário - no quarto, na cozinha, na sala, no escritório, nas ruas e escolas.
Com o tempo, o computador deixa de ter menos importância enquanto máquina e passa a ser reconhecido como algo maior - não como um enigma a ser desvendado e entendido pelo usuário, mas como um instrumento útil para ajudá-lo a viver melhor.
O computador deixou de ser "tabula rasa", dentro do qual era preciso colocar as informações para então elas serem processadas, digeridas e mastigadas de volta ao usuário.
Já não é mais preciso ensiná-lo como nos tratar, como nos dar informações úteis. Ele já vem equipado com memórias, ajudas e raciocínios próprios. É claro que precisamos ainda colocar nele informações, mas a ênfase não é mais para os programas, e sim para o processamento das informações nele contidas.
Os computadores não são mais vistos como heróis isolados, máquinas que, sozinhas, resolvem tudo. Eles agora precisam se interconectar uns aos outros, a fim de compartilharem bancos de dados e, assim, nos auxiliarem mais rapidamente na solução de problemas.
Hoje, os computadores são encarados como instrumentos de diálogo entre indivíduos, como caixas de contato direto com um ou vários indivíduos ao mesmo tempo. O computador, ao invés de simples máquina-coisa fria e distante, não-humana e mecânica, passa a ser um lugar, um ponto de encontro, um espaço de interação humana, tão quente e aconchegante quanto um barzinho ou um banco de praça. Chegou a ser, até, uma válvula de escape urbana.
O importante não é mais ter acesso ao computador, mas sim alcançar os outros indivíduos que estão por detrás e além da tela do outro computador, na rede de dados.
Usos e prazeres da comunicação por rede
É impossível, hoje, conceber o mundo da informática sem um modem, aparelho ligado à rede telefônica do usuário que transcodifica as informações de sinal digital do computador em sinais sonoros analógicos de telefone, e vice-versa. O modem, hoje, transformou-se no passaporte que permite a nossa entrada nesse fantástico mundo da Telemática (TELEcomunicações + InforMÁTICA), que une texto, som e imagem.
Mas por que a Telemática se tornou um "mundo fantástico", que atrai os desejos de qualquer usuário? Por que a possibilidade de se conversar com os outros via computador se tornou tão fascinante?
As novas tecnologias de Informação nas últimas três décadas mexeram fundo com nossas vidas. Hoje é praticamente impossível viver sem elas - telefones, computadores, raio laser, fibra óptica, holografia, telefonia celular, comunicação por satélites, etc.. Participando de nossa vida diária, essas novas tecnologias acabaram influindo em nossas relações sociais profundamente, modificando a forma como interagimos com as outras pessoas e como vemos o mundo.
A idéia de que o mundo todo se transformou numa Aldeia Global, ligando tudo a todos, é verdadeira. Mas, por outro lado, a idéia de que o homem tenderia a se isolar em guetos e pequenos grupelhos sociais por causa dos computadores, alienando-se dos fatos locais, também tem um fundo de verdade nos tempos atuais, enquanto esses recursos tecnológicos permanecem reservados a poucos privilegiados.
As coisas, no entanto, só tendem a crescer, ampliar e melhorar. Não é porque as pessoas conversam com outras pelo computador (na maioria das vezes com quem não conhecem pessoalmente) que elas deixarão de se falar olho no olho, deixarão de ter relações de contato físico e direto com outras.
De certa forma, os computadores ajudaram muito a aproximar todos nós. Numa época em que todos vivemos uma crise de individualismo e isolacionismo sem precedentes, o computador vem, neste fim de século, lembrar-nos da necessidade cada vez mais emergente de nos unirmos todos em nossas diferenças, superando as barreiras geográficas, ideológicas, raciais, religiosas, políticas, econômicas e os limites estreitos dos conceitos de espaço e tempo.
[Rosy Feros, 1995]